Quase podemos dizer que, a doença de Addison ou hipoadrenocorticismo canino é o contrário do Síndrome de Cushing (hiperadrenocorticismo).
Em que consiste o hipoadrenocorticismo canino?
É uma doença endócrina dos cães em que as glândulas adrenais (que se encontram localizadas acima dos rins) produzem uma quantidade insuficiente de glucorticóides e mineralocorticóides. O hipoadrenocorticismo canino pode ser:
- Primário: é a situação mais comum e em que há destruição das glândulas adrenais.
- Secundário: o problema está na baixa síntese de ACTH e CRH que são hormonas produzidas na hipófise, e que estimulam as glândulas adrenais a produzirem os corticóides. Este tipo, está muitas vezes associado a tumores.
- Iatrogénico: é a causa menos comum e está relacionada com a administração de medicações como corticosteróides de forma prolongada.
Geralmente é uma patologia que afeta mais as fêmeas e a idade ao diagnóstico é normalmente de 4 a 5 anos.
Quais os sintomas?
Chamado de “o grande imitador”, o hipoadrenocorticismo canino tem sinais bastante inespecíficos e pode ser difícil de diagnosticar.
Os animais acometidos podem desenvolver:
- Prostração
- Sinais gastrointestinais, como diarreia e vómitos
- Aumento da ingestão de água (polidipsia)
- Tremores generalizados
- Perda de peso
Como é feito o diagnóstico?
Além da história clínica e exame físico, o Médico Veterinário vai necessitar de realizar análises complementares. Uma colheita de sangue pode revelar algumas alterações que são comuns nesta doença. Os valores de ionograma podem ser característicos (diminuição do sódio e do cloro e aumento do potássio), mas também encontrarem-se perfeitamente normais. Em alguns casos está presente azotémia (valores altos de ureia e creatinina) e hipoglicemia (glucose diminuída).
Em algumas destas situações, este conjunto de alterações leva à chamada “crise Addisoniana”: o cão encontra-se desidratado, muito prostrado, com alterações nos eletrólitos e a glucose muito baixa.
O teste de eleição para diagnóstico definitivo é o Teste de Estimulação com ACTH, que permite avaliar a capacidade de resposta das glândulas a este estímulo, medido assim o cortisol antes e após administração da hormona.
Tem tratamento?
Numa “crise Addisoniana” o tratamento inicial deve ser direcionado à estabilização do patudo: colocação a soro e regularização dos valores de sódio, potássio, cloro e glucose.
Posteriormente e para o resto da vida, serão necessárias medicações como corticosterióides e mineralocorticóides orais, precisamente para colmatar a falha do que as glândulas não estão a produzir.
Existe forma de prevenir?
Nem todas as doenças se conseguem evitar. No entanto, existem algumas recomendações que ajudam a detectar patologias precocemente ou a melhorar o sistema imunitário.
- Procure manter o seu cão com cuidados médico-veterinários regulares. Em muitas consultas de rotina são detectadas alterações que ajudam no diagnóstico de algumas doenças. Quanto mais cedo forem identificados os problemas, mais rápido é o tratamento!
- Não medique o seu animal sem autorização prévia do profissional de saúde!
- Privilegie também cuidados de higiene em casa e alimentação adequada. Os cães devem ter como base da dieta, rações de boa qualidade, adaptadas às suas necessidades nutricionais e energéticas. Este é um dos melhores investimentos para promover a saúde do seu melhor amigo. Ajudamos a criar a receita ideal para o seu cão aqui.
Joana Silva
Médica Veterinária
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