Porque é que a raça é importante na escolha alimentar?
Existem inúmeras raças de cães, cada uma com características muito apuradas ao longo do processo de evolução da raça. As características genéticas e fenotípicas (características físicas que são observáveis) presentes em cada raça levam ao desenvolvimento de determinadas “doenças de raça”.
- A seleção genética em determinadas raças predispôs ao aparecimento de determinadas doenças em determinadas raças (como por exemplo a displasia da anca na raça Pastor Alemão).
- As características físicas de cada raça predispõem ao aparecimento de determinadas doenças (como por exemplo os cães de raça Teckel que apresentam uma predisposição para hérnias discais, graças à extensão da coluna comparativamente à restante conformação corporal).
Como tal, sabendo as doenças mais comuns dentro de cada raça, a alimentação pode ser adaptada tendo em conta a prevenção do aparecimento de determinadas patologias. Por exemplo, os cães de raça Bulldog têm uma predisposição elevada para problemas de pele (como a dermatite atópica) e, como tal, rações de salmão ou ricas em ácidos gordos ómega 3 e 6 são uma mais valia na prevenção do aparecimento ou controlo dos sinais clínicos. Os ácidos gordos ómega ajudam a reforçar a barreira cutânea e ajudam a diminuir a resposta da pele a alergénios ambientais, diminuindo o aparecimento de sinais clínicos (como prurido, eritema, descamação, etc).
Então todos os cães da mesma raça devem comer a mesma ração?
A resposta é não.
Dentro da mesma raça existem variações individuais e, apesar das características genéticas e fenotípicas poderem ser semelhantes entre animais da mesma raça, cada ser é único e manifestará diferentes necessidades nutricionais. Para além de existir variedade genética, a interação com o meio ambiente também influencia a expressão das características de cada animal.
A alimentação deve então ser selecionada tendo em conta as características de cada raça, as “doenças de raça” a que estão predispostas e as características únicas de cada cão.
Que outras características devem ser tidas em conta?
Fase da vida, porte, atividade diária, condição corporal, esterilização, características digestivas, predisposição para determinadas patologias (para além das doenças de raça) ou existência de determinada patologia diagnosticada. O conjunto destas características, a par da raça, tornam cada cão único e a alimentação deve ser adaptada a essa individualidade.
Então como adaptar a alimentação?
A primeira premissa é escolher o tipo de alimentação: natural, caseira ou seca. Para animais que comem ração natural ou caseira, a conjugação de alimentos é mais fácil e pode ser variável. Dentro das opções secas, que são pré-formuladas, o ideal é combinar as características de cada cão e procurar a melhor conjugação de características dentro de uma ração seca pré-formulada.
Por exemplo, para um cão de porte grande, sem raça definida, adulto, com atividade moderada, condição corporal ideal, não castrado, com historial de alergias de pele, que digere bem a maioria das fontes proteicas presentes nas rações secas: deve ser escolhida uma alimentação completa para cães adultos com biscoito adaptado ao porte em questão e que seja de salmão (ou rica em ácidos gordos ómega), eventualmente suplementada com condroprotetores (por ser uma raça grande, a predisposição para alterações articulares é maior). Dentro destes pré-requisitos, existem várias opções, como por exemplo Essence Salmão ou Natura Diet Daily Food Maxi.
A informação sobre as características da ração pode ser consultada nas informações indicadas na embalagem e na observação da composição. É importante que para além de ter determinadas características específicas, seja uma ração de boa qualidade.
Daniela Leal
Médica Veterinária de Animais de Companhia
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