Cão com diarreia, o que devo fazer?

Infelizmente é muito comum depararmo-nos com um cão com diarreia! A diarreia é um sinal clínico e não uma doença. É transversal a várias situações, desde a ingestão de algo fora do habitual a doenças infeciosas graves, e manifesta-se por diminuição da consistência das fezes. Isto ocorre como consequência do aumento de água no lúmen intestinal.

Em alguns casos, a cor das fezes pode estar alterada, tornando-se amarela, verde ou preta. Já noutros mantém-se uma cor normal (castanho).

Que tipos de diarreia existem?

A presença de diarreia indica a existência de alterações a nível intestinal provocadas por problemas gastrointestinais locais ou por distúrbios sistémicos que interferem com o funcionamento intestinal.

O tipo, a cor, a consistência e a frequência da diarreia diferem conforme a zona gastrointestinal afetada.

  • Alterações no intestino delgado: quantidade das fezes muito abundante, com frequência de defecação normal. Normalmente associadas a vómitos e perda de apetite;
  • Alterações no intestino grosso: quantidade das fezes diminuída, frequência de defecação aumentada, dificuldade a defecar. Normalmente acompanhadas de muco e sangue vivo.

Quais as causas mais frequentes de um cão com diarreia?

As causas mais frequentes de diarreia em cães são:

  • Alterações bruscas na dieta, sem transição;
  • Alimentação inadequada ou demasiado rica em gordura (por isso é importante uma alimentação personalizada adequada a cada cão);
  • Ingestão indiscriminada de snacks, para além da ração;
  • Infestação por parasitas intestinais;
  • Situações de stress e imunossupressão;
  • Infeção vírica (por ex, parvovirose nos cachorros);
  • Infeção bacteriana (por ex, salmonelose);
  • Alergia alimentar;
  • Inflamações intestinais idiopáticas (por sensibilidade intestinal aumentada);
  • Tumores intestinais;
  • Intoxicações alimentares.

Perante um cão com diarreia, a que devo estar atento?

  • Identificar se é um problema agudo (episódio único) ou crónico (acontece com alguma frequência);
  • Perceber se estão presentes situações de stress ou imunossupressão;
  • Avaliar a probabilidade de indiscrição alimentar (ingestão de corpos estranhos ou algo diferente da dieta habitual);
  • Alteração de alimentação;
  • Possibilidade de intoxicação;
  • Presença de parasitas nas fezes;
  • Ocorrência de outros sintomas como prostração, vómito ou perda de apetite.

É essencial transmitir todas estas informações ao Médico Veterinário.

Deve optar-se por levar o cão à consulta Veterinária?

Sim. Especialmente se o cão com diarreia for cachorro ou geriátrico, se já acontecer há mais do que um dia sem melhoria ou se houver mais sinais associados. Mesmo tratando-se de um cão adulto saudável e houver a suspeita de uma causa lógica de diarreia que à partida pode não ser grave, muitas das vezes é necessário iniciar tratamento para regular a flora intestinal e, dessa forma, travar a diarreia. Só o Médico Veterinário é capaz de estabelecer o tratamento mais adequado para o seu cão.

Existem situações onde uma simples dieta caseira ou alimentação específica resolverá a diarreia, mas outras necessitarão de medicação ou até mesmo cirurgia nos casos mais graves.

Como prevenir diarreia nos cães?

A diarreia, acompanhada ou não de outro sintoma, é sempre desconfortável para o cão, porque provoca cólica e flatulência.

É importante:

  • Evitar dar qualquer tipo de medicação sem autorização do Médico Veterinário;
  • Optar por um alimento de elevada qualidade nutricional como base da dieta do seu cão;
  • Não dar “extras” fora das refeições habituais do cão;
  • Alguns animais respondem de forma positiva à alimentação de arroz com frango (ambos cozidos em água, sem temperos);
  • Verificar se a desparasitação interna e a vacinação estão atualizadas;
  • Respeitar o período de transição entre alimentos.

Daniela Leal
Médica Veterinária de Animais de Companhia


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