Em que consiste a epilepsia canina?
A epilepsia é uma condição crónica caracterizada por uma atividade elétrica excessiva e anormal do cérebro, que desencadeia mudanças repentinas e breves no comportamento e/ou movimento do cão – convulsões.
Como saber se o seu cão está a ter uma convulsão?
Por vezes, pode ser difícil distinguir uma convulsão de outros episódicos como síncopes (desmaios) ou fraqueza muscular!
Durante um ataque epiléptico é possível distinguir 4 diferentes fases:
- Pré-ictus: período que precede a convulsão e pode ser tão rápido ao ponto de o tutor não se aperceber. Também pode durar alguns dias. Nesta fase, o animal mantém-se agitado, inquieto, podendo mesmo demonstrar comportamentos de medo.
- Aura: sensação que experimentam imediatamente antes da convulsão. Os cães podem vomitar, urinar e salivar excessivamente. Ocorrem, por vezes, comportamentos atípicos como caminhar, lamber ou ladrar obsessivamente.
- Ictus: momento em que se dá a convulsão. Geralmente as convulsões duram menos de 2 minutos. Podem apresentar-se de variadas formas. O cão pode perder a consciência, ficar rígido, iniciar movimentos rítmicos e rápidos (como pedalar) ou perder o seu tónus muscular e colapsar.
- Pós-ictus: fase após a convulsão, na qual os animais demonstram agressividade, agitação, perda de visão, micção inapropriada, sede e fome. Esta etapa pode durar horas.
O que fazer se o meu cão tiver uma convulsão?
O mais importante é manter a calma! Deve ter atenção para retirar tudo que esteja perto do seu patudo e que o possa magoar durante o ataque.
Se a convulsão for muito longa pode ser necessário pará-la administrando medicamentos como o diazepam retal, se recomendado pelo Médico Veterinário assistente.
Caso o seu cão tenha várias convulsões seguidas ou forem muito longas deve procurar ajuda imediata.
Que tipo de convulsões existem?
- Convulsões focais: afetam metade do cérebro. Os cães podem apresentar contrações faciais ou de pequenos grupos musculares.
- Convulsões generalizadas: afetam ambos os hemisférios cerebrais. Os cães perdem a consciência, podendo salivar, urinar e defecar. Durante estes ataques, o seu corpo pode ficar rígido ou flácido, e iniciar movimentos bruscos.
- Convulsões mistas: têm inicio com uma crise focal que evolui para convulsão generalizada. É o tipo mais comum de ataque epiléptico em cães.
Quais os tipos de epilepsia canina e suas causas?
A doença pode ser genética ou adquirida (secundária a alterações estruturais cerebrais ou tóxicos). Dessa forma, distinguem-se 3 subtipos de epilepsia:
Epilepsia idiopática/primária
Manifesta-se entre o primeiro e sexto ano de vida dos cães, sendo o seu diagnóstico feito por exclusão de doença reativa ou estrutural.
É diagnosticada recorrendo a exames como Rx, ecografia, análises sanguíneas , TAC ou Ressonância Magnética, entre outros.
Geralmente está associada a, pelo menos, dois episódios convulsivos com mais de 24h de intervalo entre eles, e pela ausência de alterações neurológicas no período entre convulsões.
Não se conhece a sua causa, mas pensa-se que poderá ter componente hereditário. As raças mais predispostas são o Beagle, o Boxer, o Golden e Labrador Retriever, e o Pastor Alemão.
Epilepsia estrutural
Neste tipo de epilepsia as convulsões resultam de doenças intra-cranianas ou cerebrais, como alterações vasculares, inflamatórias, infeciosas, tumorais ou degenerativas.
Epilepsia reativa
É secundária a tóxicos (ex: pesticidas) ou alterações metabólicas (ex: insuficiência hepática). Neste caso, conseguimos reverter as convulsões, controlando a causa primária.
Qual o tratamento da epilepsia canina?
O tratamento irá depender da causa. Caso seja uma epilepsia resultante de algum problema subjacente ( epilepsia estrutural ou reativa) deve ser resolvido o problema de forma a cessar as convulsões.
Caso se trate de uma epilepsia idiopática, sem causa conhecida, deve fazer medicação para controlo e diminuição da frequência dos ataques epiléticos.
Os cães com epilepsia podem ter uma vida normal, mas é importante serem avaliados pelo Médico Veterinário, de forma a iniciarem o tratamento correto. Este é considerado bem sucedido caso a medicação reduza a frequência de ataques, pelo menos, para metade. Em situações pontuais e mais graves poderá ser necessário hospitalizar o paciente com vista a monitorizar e a controlar devidamente as convulsões.
Uma boa alimentação é também fundamental para o seu cão com epilepsia. Deve conter ácidos gordos essenciais e antioxidantes. Na Barkyn adaptamos a ração mais adequada às necessidades do seu patudo.
Patrícia Azevedo
Médica Veterinária
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